quarta-feira, 28 de julho de 2010

OS GUERREIROS DO CREPÚSCULO

Nossa HQB tem muito a agradecer a todos os envolvidos na curta porém produtiva vida útil da editora independente paulistana Press Editorial, responsável por uma variada gama de lançamentos nas bancas, nas décadas de 80 e 90 do século passado. E foram lançados gibis de todos os gêneros: humor (foi a primeira editora a lançar revista própria do Níquel Náusea, de Fernando Gonzalez), terror, erotismo, faroeste, mas o destaque mesmo esteve na linha de fantasia & ficção-científica, sob a batuta de grandes artistas dos Quadrinhos brasileiros. Esta revistona Contato Imediato, apresentando Os Guerreiros do Crepúsculo, cuja capa vocês puderam ver logo acima, e sobre a qual estaremos comentando rapidamente, é um notável exemplo do que foi a Press Editorial capitaneada por Franco de Rosa. O responsável pelo roteiro e pelos desenhos d’ Os Guerreiros do Crepúsculo foi o paranaense Eloir Carlos Nickel (t.c.c. E.C. Nickel), um dos mais profícuos colaboradores da Press, onde pode mostrar outros personagens em Quadrinhos como Korban, O Exterminador de Andróides e Wull, O Guerreiro – até hoje Nickel continua na ativa, recentemente apresentou aos leitores um novo personagem heróico e futurista: Ultrax.
Lançada por volta de 1986/87, em revista formato grande contendo 40 páginas, Os Guerreiros do Crepúsculo são combatentes humanos de variadas épocas da História (incluindo uma época lendária): o representante de nossa modernidade é Lucas, um soldado sem pátria que luta para o governo que lhe pagar melhor; Trog, o homem das cavernas; Cibele, uma guerreira amazona (eis aí a participante da época lendária); Kulai, arqueiro mongol das fileiras do exército de Genghis Khan; Fanghar, nobre viking servo de Odin; e Mobuto, tão valoroso quanto mudo zulu africano. Todos foram reunidos num futuro dimensional por ação de um estranho gigante alienígena, que os livrou no exato instante em que sofreriam a morte terrestre e os transportou àquela estranha dimensão para que pudessem ajudar seu povo a exterminar uma raça inimiga, uma horda de demônios sanguinários. Para ajudar os humanos nesta batalha, o gigante alienígena lhes concede a ajuda de um poderoso andróide do futuro – mas seria este cyborg confiável? O que nossos (anti) heróis não imaginam, é que neste violento jogo espacial estaria em risco a própria existência da humanidade.
Nickel nos proporciona uma excelente HQ, uma das melhores aventuras do gênero, com muita ação e pitadas de humor, na medida certa. Mas, como já aconteceu (e ainda acontece) com tantos outros ótimos personagens brasileiros dos Quadrinhos, Os Guerreiros do Crepúsculo tiveram vida brevíssima nas bancas – creio que somente este número, esta aventura. Quanto aos motivos da brevidade dos nossos heróis de papel, permitam-me discordar da maioria, que reputa ao poder dos comics e dos mangás o fracasso editorial dos personagens brazucas das HQs. Creio que o motivo é ainda mais grave: trata-se do profundo desprezo que grande parte dos editores brasileiros, e, principalmente, dos leitores de Quadrinhos no Brasil, sentem a respeito dos personagens escritos & desenhados por compatriotas. Sem dúvida se encaixa naquilo que decretou o cronista Nélson Rodrigues, em décadas passadas: é o insidioso “complexo de vira-latas”, que faz os brasileiros detestarem tudo o que for brasileiro, e sempre a reputar os estrangeiros com muito mais virtudes do que nós próprios – a nós, só caberia defeitos. A persistência desse pensamento, desse lamentável “complexo de vira-latas”, isto sim é que poderá nos levar para o crepúsculo. (JS)



6 comentários:

  1. eu ja vi essa revista uma vez num sebo, so q nao tinha dindin na hora... depois ela ja tinha voado...

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  2. isso já aconteceu comigo também, com outros gibis... é realmente frustrante!

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  3. Olá, Salles.
    Entrei no seu blog por acaso e vi sua belíssima resenha do minha HQ Guerreiros do Crepúsculo. Que bom ser lembrado por essa obra que criei há tantos anos!... Muito obrigado e um grande abraço.

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  4. Grande edição!! Uma historia muito boa,pena mesmo não ter tido continuação.

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  5. Essa revista é muito legal. Essa história também! Pena que acabei sumindo com ela!

    Bela postragem!

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  6. Eu tenho essa raridade. Bela edição.

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