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Quem coleciona gibis está acostumado a pesquisar e vasculhar pilhas de revistas em sebos, em busca de raridades dos Quadrinhos. E por vezes fazemos descobertas tão fascinantes das quais não temos nenhuma referência – tal como a surpresa que tive ao me deparar com este exemplar único de O Justiceiro da Estrada. Sempre que encontro exemplares raros assim, a primeira coisa que faço, antes mesmo de conferir o nome dos autores, é procurar saber a data de publicação. A este respeito, há uma pista na contracapa, no canto inferior direito, onde pode ser lido em letra pequenas: “Edição SSB – Direitos Reservados –
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Após a leitura de O Justiceiro da Estrada, fica evidente tratar-se de campanha publicitária para divulgação dos caminhões Scania – mas, longe de ser um simples catálogo, a HQ é divertida e muito bem produzida. Ponto para o marqueteiro que pensou nisso! E este intrépido e desconhecido herói mascarado possui tripla identidade: pode ser tanto o empresário Francisco do Prado Filho, diretor-presidente de uma empresa agro-industrial e exportadora; quando deixa a barba crescer por alguns dias é o caminhoneiro Chico Sampaio, a percorrer as estradas do país ao lado de seu companheiro Japa (personagem que dá o tom humorístico da história); e finalmente, quando veste botas, casacão invocado e diminuta máscara, montado num possante caminhão Scania (escondido num depósito que lembra os esconderijos clássicos dos super-heróis), torna-se o Justiceiro da Estrada, terror dos bandoleiros do asfalto. As motivações de Francisco no combate ao crime datam de sua adolescência, quando presenciou o assassinato de seu pai João Sampaio, vítima de jagunços de um coronel oligarca. Por isso a assinatura do herói, JS, lembrando as iniciais do nome de seu pai, mas que o deixam conhecido como o “Justiceiro do Scania”. Nesta aventura, o herói mascarado dá conta de enfrentar contrabandistas de carneiros.
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Curioso é que no final daquela mesma década a Scania voltaria a investir em publicidade noutro veículo de comunicação de massas (antigamente os Quadrinhos eram lidos por multidões), com o seriado televisivo Carga Pesada (que teve uma horrenda refilmagem recentemente, na primeira década do século XXI). O caminhão usado no seriado não é o mesmo da HQ do Justiceiro da Estrada, mas sim um mais moderno, a cabine quadrangular com a dianteira “achatada”. Ainda no primeiro seriado, talvez por não se renovar o contrato, o caminhão Scania (o grande astro do programa) acabou sendo substituído por um Dodge bem fubega. Os roteiros também decaíram (mas ainda longe da ruindade do que foi visto recentemente) e a série terminou. Foi, entretanto, um seriado muito marcante. Lembro-me de que, ainda garotinho, obriguei meu avô a me levar numa revendedora Scania