O estúdio da Atlântida Cinematográfica, idealizado por José Carlos Burle e Moacir Fenelon em 1941, representou uma bem sucedida tentativa de se criar uma indústria de cinema brasileira, que ganhou impulso especialmente após a entrada de Luís Severiano Ribeiro Jr. na sociedade. Comédias e musicais, e também a mistura destes gêneros foram o grande mote de popularidade da Atlântida, conquistando o público brasileiro. Dos filmes da Atlântida revelou-se uma dupla de comediantes que até hoje possui admiradores entusiasmados: Oscarito & Grande Otelo. Apareceram juntos pela primeira vez, mas sem ainda formar a dupla consagrada, no filme Tristezas Não Pagam Dívidas (de José Carlos Burle, 1944). Ainda na busca do estrelato, puderam ser vistos em Não Adianta Chorar (de Watson Macedo, 1945). Foi sob a batuta deste último diretor, na década seguinte, em filmes como Aviso Aos Navegantes (1950) e Aí Vem O Barão (1951), que a dupla virou fenêmeno popular, continuando a trajetória em outros filmes bem sucedidos como Carnaval Atlântida e Barnabé Tu És Meu, ambos dirigidos por Burle e lançados no ano de 1952. O diretor Carlos Manga esteve na frente dos filmes que são considerados por muitos críticos e admiradores, como os melhores estrelados por Oscarito & Grande Otelo: A Dupla Do Barulho (1953) e Matar Ou Correr (1954).
Como era praxe naquela época, de grande popularidade das Histórias-em-Quadrinhos, Oscarito & Grande Otelo acabaram indo parar nas páginas dos gibis, graças a Editora La Selva. E ficou a cargo de grandes artistas a transposição da formidável dupla das fitas para os Quadrinhos. Jayme Cortez produziu, como era marca do talentoso artista luso-brasileiro, capas belíssimas, de cores resplandecentes. O roteiro das histórias coube a Flávio de Souza e também Cláudio de Souza, ilustrados por outros grandes nomes do Quadrinho nacional – o mais renomado talvez tenha sido o alagoano Messias de Mello, ilustrador e cartunista até hoje reverenciado por seus contemporâneos (Mello já produzia para a La Selva, as HQs da famosa dupla de clowns, Arrelia e Pimentinha). Conforme me relatou Julio Shimamoto (ele que também trabalhou na produção de Arrelia e Pimentinha em Quadrinhos), o próprio Jayme Cortez reverenciava Messias de Mello como mestre de ousadas perspectivas, nos desenhos. Outro a ilustrar as aventuras de Oscarito & Grande Otelo nos gibis foi João Batista Queiroz, renomado cartunista e chargista da paulicéia, ele que foi o criador do rinoceronte Cacareco, que viria a se tornar símbolo do voto de protesto na política paulistana. Outros que ilustraram a dupla do barulho foram os cariocas Juarez Odilon (que os fãs dos heróis brasileiros dos Quadrinhos conhecem muito bem, tendo sido ilustrador de personagens como Capitão 7, Capitão Estrela, Jet Jackson e Drácula) e Aílton Thomas, o mesmo que depois se tornaria profícuo capista da Editora Brasil América de Adolfo Aizen, tendo ilustrado capas dos gibis do Batman, Popeye, Údi-údi (como era chamado o Pica-Pau, de Walter Lantz) entre outros. (por José Salles, com preciosa colaboração do mestre Julio Shimamoto).
Parabens Salles, não sabia que a dupla do barulho tivesse virado personagens de gibis.
ResponderExcluirObrigado pelas informações.
valeu amigo, apareça sempre! Abs
ResponderExcluirEu não tinha conhecimento disso!
ResponderExcluirO quadrinho nacional teve momentos mágicos e admiráveis.
Mais que um registro, foi uma homenagem aos ícones do cinema nacional, em uma de suas melhores fases.